sábado, 10 de fevereiro de 2024

Folhas

Cada jornada é longa assim como o vento 
Tal qual esse incrível movimento 
Das folhas nesta estrada, 

Folhas que logo se dissipam como bolhas 
Sensoriais, nada mais que folhas, 
E na estrada encontrada 
 
Ou inda simplesmente buscada dancemos, 
Dancemos o início, o nascimento, 
Que parece infinito, mas no entanto pouco temos. 

As folhas caem sobre nós, caem sobre nós, 
E deveras digo em pouco tempo, 
De maneira talvez e tão mágica nós estamos sós 

Enquanto as mesmas folhas caem e caem 
Sobre nós e nós, podemos contá-las 
Ou então nem reparamos se vão e s’esvaem 

No momento para que se possa encontrá-las. . . 

Luiz Rosa Jr.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Acordes celtas de harpas no vento

Tocai as harpas no vento, cordas acordas d’invento, 
Jardins sim saem de mim com orvalhos acesos d’inspiração volvendo, 
Ah! Há quanto tempo não os sentia assim tão perto, estou os vendo 

Com folhas feito bolhas evolantes, as filhas do vento 
Vêm circundantes a voar dançantes e amantes duma leve amenidade 
Que rompe todo cotidiano ar de maldade tingindo o cinza da cidade. 

Ah! Como posso ver oceanos neste céu agora sem véu sombrio, 
Vejo nele índigo mais lindo banhando de esperança e confio 
Na vida, aquela qual por muito a desacreditei e fazia tão vazia, 

Mas o índigo deste céu, ora não sei o porquê, acordou-me o dia, 
Deu água a minha fonte, deu som a minha harpa, e se dizia 
Eu coisas vãs antes já hoje então sinto muito a me arrepender 

Pois não quero perder-me, quero como estas folhas suspender 
E suspender-me, e nas árvores de novo encontrar a música, 
E no vento as asas, imaginar tocar harpa, fazer palavra única. 

Luiz Rosa Jr.

domingo, 17 de dezembro de 2023

Suav'entoar

Não sei que canção ou melodia 
Cantam os corações dos ventos neste dia, 
Só sei que tardia já suav’entoa 
Acolá acima daquela alta colina de pedra. 

Um pássaro passa muito ligeiro 
Com zéfiro raro de úmido e fresco cheiro, 
Absorto voa, se revira, atordoa. 
Revigora o monte que ressoa e se quebra? 

Acompanha o vento uma voz intercalada 
Da melodia incorrupta espalhada 
Que diz das folhas os segredos, devaneios 
Tantos aos meus ouvidos, os de receios. . . 

E para onde vai esta em voares de ave? 
Ouvi-la alguns poucos conseguem 
Pois seus corações facilmente se inflamam 
Por não amarem enquanto outros amam, 

Encontrem em si percepções, a chave, 
A canção suave qual não seguem 
Das com juras de amor p’ra sempre rente 
E súplicas do que esperam ser diferente. . . 

Luiz Rosa Jr.

sábado, 16 de dezembro de 2023

Em si, nos ventos dos sonhos

Sino do sono que toca no ar, 
Em si o ensino ao silêncio, 
Sim tu ensinas ao tempo a ter um segundo para te ouvir entoar 

E nosso orgulho ele vence-o, 
Já com arpejos no coração 
Acalentas com calma a nossa alma alando-a na palma da mão, 

Posso vê-la como o orvalho escorrendo 
Pelos dedos despetalando palavras com som, 
E também com sombra, mas a luminosidade passa vencendo 

E como feixe de pombas contradança no ar, isso é muito bom, 
Puro e raro de sentir. A noite tenta me envolver 
Mas suas sombras se cansarão de insistir, 

Pois as palavras têm luz, eu posso ver, 
Iluminam as trevas do tempo que posso sentir, 
Todos nós uma hora sentimos, e mente quem isso não admitir. 

Somos humanos, uma hora perdemos até mesmo nosso sono, 
Aí que se é preciso ouvir uma calmaria do tempo, 
Ouvir lá fora ao silêncio um sino ao vento, 

Somos folhas voando ao sonar de invento num vôo de fuga insano, 
E para onde vamos neste sonho? Responde a si, para onde vamos? 

Luiz Rosa Jr.

domingo, 3 de dezembro de 2023

As tardes já são ligeiras

De modo veloz como os anos passam, 
Parece que foi ontem que brincávamos naquela rua 
E corríamos ligeiros ao frescor da brisa nua 
E úmida vinda não sei de onde, a entrelaçassão 

De nós tão livres e puros aos tais voos, 
Hoje tímidos na lembrança pelos empoeirados ares, 
Ouço notas dum piano rápido e docemente 
Entoado na rua de breves corridos tempos ventos, 

A chuva cai, e eu tomo um banho sozinho lá fora 
E rio de mim, imagino que estamos outra vez juntos 

Naquela dança a ciranda louca que não demora, 
Que saudade! Deus! Que saudade! De nada, de muito, 

E inda não faz tanto tempo, mas sinto que passa 
E logo há de ser, as primaveras cessando, e as tardes, 

Jovens tardes luminosas já ligeiras como jamais 
Nós ligeiros pelas ruas, agora vazias, para nunca mais. 

Luiz Rosa Jr. 


 1.Entrelaçassão: neologismo poético, significa no poema "o envolver".

terça-feira, 21 de novembro de 2023

A Chuva e a Inspiração

A chuva já se foi, como sempre sim já se foi, 
Suas gotas e o vento faziam par a molhar, 
Pois vento úmido e chuva é magia de olhar 

Como a folha que se sente nova a voar no ar. 
Agora o vento e a leve chuva separam-se
E já em profundidade não somam mais dois, 

Resta o cheiro e o frescor de sempre depois, 
A grama como se fosse tomada d'imenso orvalho, 

Minh'alma então em exílio a cantar espalho 
Nos primos ares de belos raros iluminares tontos 

E já não são mais que vãos e nostálgicos tantos
Que são meros viajantes e sons e cantos 
 
Com as sensações e êxtases de um dia rotineiro. 
O que resta ao poeta em um dia de chuva? 

A canção úmida de todo poeta inútil e derradeiro

Que ele sonhador imagina ser um veleiro. 

Luiz Rosa Jr.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Passageiro

Leve-me para o mundo de árvores e de fadas 
Na ocasião em que sonho acordado 
Com o conto saído de mim ritmado 
No instante d’encanto fantasiado. 

Aço! Resta ída! Está minha mão vivida atada? 
Faço fado, fardo melancólico, 
Fato doentio, ato melódico, 
Mato-me na poesia vivida agora. 

Quero jazer com a amada 
Fada solitária, a ilusão poética. 
Há via! Há vida! Há quimera!... 
Quem dera? Que mera... 

Há somente momentânea ética 
D’estro efêmero sem demora.

Luiz Rosa Jr.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Teu Voo

No espasmo do tempo te vejo s'elevando leve 
Como se tudo e tanto não tivesse sido breve, 
As flores não são mais as mesmas, 
Mas as raízes mesmo que tu não possa vê-las 

Ainda estão aí, há um orvalho delas, é dolorido 
Nem mais tão translúcido e nem tão colorido, 
Porém, existente, muito sangrando 
Com a passagem do momento veloz s'evolando. 
 
E este teu leve voo de encantamento devolve-me 
À alquimia breve, magia de criança, 

Como harpa apenas sei que toca-me e volve-me, 
Movimentas a maré serena, mansa, 

E já não sei sentir dor, há algo puro que aos céus me leva, 
Céus dos de índigo profundo que nenhum mistério me nega. 
 
O vento quem sabe nos conduza no voo em que estamos, 
Para o norte de sorte e sem morte é o ir do qual desejamos. 

Luiz Rosa Jr.

sábado, 30 de setembro de 2023

Ventos e violinos rápidos

Violinos se arranham ao finito, 
E reverencio o tempo menino girante 
Às estas nossas quimeras eras que te digo. 

E se repito gire menino delirante 
Sob nosso tempo, sobre estas árvores, 
Aos inconstantes frescores e leves vapores 

Do vento que pode sentir teus pés 
A planar o horizonte livre e aberto como tu és. 

Violinos em tons bastante rápidos, 
Ecos num dia dos de chuva ao trânsito assistido 

Numa cidade e umidade da floresta ao lado 

Podem ser sentidos junto contigo 
Enquanto tu te fazes num cinzento tempo alado 

Para canção passarinheira do dia inspirado.

Luiz Rosa Jr.

sábado, 5 de agosto de 2023

Café de um dia de chuva

O mistério por entre as nuvens de chuva, 
Passam rápidas em fuga, 
E já sem ser reféns de ninguém. 

Há um tempo, um céu e vento que retém, 
E eu vendo sinto um bem 
Frescor e nem sei de onde vem. 

Éolo dança na grama do campo, 
Movimenta a relva e altas árvores enquanto 
Eu sozinho me ponho a escrever, pensar, divagar... 

Não sei se tão veloz ou devagar. 
A chuva rítmica e tímida vejo tomar a cidade, 
E já destemida tem com a ventania cumplicidade, 

Enquanto chove o café saboreio, 
Não qu’esteja tão bom, mas inspiração veio, 
Qu’inunde meu peito pois preciso em versos vê-lo. 

E as nuvens continuam passando... 
Queria acompanhá-las mesmo pesadas no firmamento, 

E no tão logo momento chegando 
Desaguar em raios às nascentes do rio do pensamento. 
 
Luiz Rosa Jr. 


1.Éolo: na mitologia grega é tradicionalmente conotado como quem origina e regula os ventos, é o deus dos ventos.

domingo, 25 de junho de 2023

Instante

Uma harpa que invento e versos a compor, 
Os anjos momento se movem, a chuva cai... 
Serenamente, e solta se vai... 

Rodopiando ao vento uma folha a mais, 
Como encantamento vou com ela onde for, 
Desprendeu-se esta por sua escolha no ar, 

E já posso vê-la tentar voar... 

Luiz Rosa Jr.

Aos nefelibatas de hoje

Nesse jardim os ventos do passado 
Erguem a copa dançante, às árvores indolores. . . 
E suspiros constantes experimento aos sabores 
E frescores dos ares inventos que entoados 

Vem a afagar esse meu rosto triste, 
E quando me pousam posso sim contemplar 
A valsa circundante das folhas velhas a planar 
E como tantas vezes antes, o tempo insiste, 

Danço e giro sozinho como um bêbado por vinho 
Numa liberdade como a de quando me secreto sozinho, 
E tantas lembranças correntes por sobre a tintura 

A envolver as flores e avante folhagem em movimento, 
Tanta coisa que vivi e te digo com mansa ternura 
E tanta coisa que não vivi talvez por ser tão desatento, 

Bem, os ventos inda me erguem, esses companheiros 
Vindos do norte são e não são a chave p’ro meu símbolo 
E passam movendo tempos, raízes, árvores, e ao todo 

Ao repercutir sinos em ecos raros que me levantam acolá 
E em elos trazem-me a essas nuvens que eu tão caminhante 
Almejava a ruflar meus pés que levemente voam, e sei lá, 

Por sobre elas já andam, parte um andarilho o louco viajante 
Ou um poeta de um sonho nada mais que dum desejante? 

Luiz Rosa Jr. 


Nefelibata: é o termo simbolista usado para definir o andante das nuvens, sonhador, lunático.

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Cheiro de chuva e árvores da madrugada

Aquelas luminosas notas de piano posso ouvir sem dizer nada, 
Junto sinto o cheiro fresco da chuva e das árvores pela madrugada. 
Vê, há pois um movimento breve de vento tão leve lá fora agora 

E uma saudade aqui dentro, percebo que coisas vão embora. 
Aquela lembrança é caravela, folha navegando em voo aos ventos, 
Uma hora com as garças saindo para o norte acima, outra hora 

Abaixo com os peixes à água clara do lago dos pensamentos. 
Sei que virás, talvez, e em lágrimas perdidas e ídas 
De amena chuva durante o dia te terei como se por toda a vida, 

E mesmo a vida não será suficiente, talvez não seja o tempo, 
Talvez ainda o piano seja como morno órgão dentro 
De uma grandiosa, eterna catedral ou do contido infinito templo, 

Porém apesar do sombriar eis a luz nos sons que até ecoam, 
Ouve! Ecoam em cada folha e em cada árvore do jardim. 

Há uma esperança nesta sonoridade, há pássaros que voam, 
E um dia já estaremos juntos, te peço, acredite em mim. 

Luiz Rosa Jr.

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Magia das folhas de Outono

Uma doçura sem par 
Na leveza que vem de horizontes 
De montes talvez distantes 

Dos ventos a raspar, 
As folhas sobre o chão já caídas 
A erguerem-se, e distraídas 

Ondularem rodopiantes a qualquer ambiente 
De inspiração que me faz ciente, 

E pensante como me vou as acompanhando 
Feito perfeito louco e sonhando 

Com o que nem se sonhou, suspirou, revelou, 
O tempo qu’inda não se acertou 

Vem-me de companhia sobre o dia que selou. 

Luiz Rosa Jr.

terça-feira, 23 de maio de 2023

Estro do Momento

Dá-me aquela canção mais doce 
Tingida de suavidade e vento, 
Que viva toque-me hoje 
Abrandando livremente neste meu pensamento 

Enquanto espectros nele dançam 
E giram, e suspiram, e voam, 
Tão leves no ar avançam 
Ao se soar por lá o som das estrelas qu’ecoam. 

E cadentes sonoram a mover-se serenamente 
Pelo firmamento aceso pela doçura 
Do seu cancionar mágico a envolver movente 
E em voo circundante que em êxtase muito jura 

Jamais querer vir a descer como se fosse isso 
Assim tão possível, todos ora temos 
Que de fato vir ao chão uma hora, pois te digo: 
Tudo é passageiro, e este voo que louco penso 

É tão delírio quanto esta poesia de vão sentido 
Ou um suave vinho inebriante do instante corrido, 

Mas apesar do pesar de tudo vale o breve voo, 
Mesmo se sem sentido ou um pleno motivo ecoo, 
 
Confesso, e confesso, vale o mero breve verso, 
Devaneio, um erro, d’estro, d’inspiração tão perto 

Já do fim, pois é natural dele ser tão derradeiro 
Já que se finda e se vai embora feito veleiro 

Assim feito no vento p’ra não voltar tão cedo. 

Luiz Rosa Jr.

sábado, 4 de março de 2023

Jornada das folhas e dos ventos

Floresta oculta, templo das folhas e dos ventos, 
Os pequenos rios sussurram puros pensamentos, 
Na cidade estou eu a pensar em aprofundamentos. 

Poss’ouvir um som de longe a girar em círculos, 
Passou por mim com imagens e mágicos vínculos, 
Fez-me dormir, fez-me acordar aos sonhos místicos: 

Toca-me a face um vento tímido 
Numa branda carícia como se a afagar uma criança, 
Um ar úmido que me acorda os sentidos 

Passa ligeiro de forma à mansa 
Mesmo quando eu estou ou tento parecer acordado, 
Uma folha me é notável lá em seu estado 

Livre e aos voos pelos ares a fazer muitas curvas 
Mesmo a ter risco de breve chuva 
E logo vir ao chão desconsolável, 

Mas ainda assim teima a folha em alcançar o céu 
Enquanto o breve vento a sustenta 
E motiva o rápido voo que inventa. 

Luiz Rosa Jr.

sábado, 7 de janeiro de 2023

Norte

Para onde? Para o norte que se navega 
Onde o coração sangra de saudade e de esperança 
E a chama dentro do peito se rega 
Com amor que o mundo nega com lanças, 

Por anos o negou, o nosso amor negou, 
Porém, canções pelas eras alguém sempre inspirou 
E com tão grande paixão suspirou 
E o coração cheio de sonhos as entregou, 

As canções daquelas douradas, raras 
E com asas sobre chamas do mundo sem liberdade 
Que sabemos já há muito tempo ter na sua sentida vera infelicidade 

A sua ação, não é feliz, e não permite que sejam. 
Existem dois mundos, dois pássaros, vejam, 
Destes mesmos um voa por felicidade e um outro voa por ignorância, 

É bom escolher com qual voar hoje e sem ânsia, 
O tempo é curto, o mar está para se navegar 
E se não estiver, é uma épica jornada a se enfrentar, há que se chegar 

Com o coração guerreiro ou como um lobo ferido, 
Porém, com a certeza da ida para o mundo e o norte dourado escolhido. 

Luiz Rosa Jr.

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Tempo e fonte depois de chuva

Escrevo asas para planares acordado o horizonte 
Enquanto tu voas parado e te aquietas, 
Dentro do quarto, respiração, janela aberta... 

Olhas assim e tão firme sem nem saber p’ra onde, 
Vês lá fora em tinta da vida um quadro, 
Mas indiferente não te importas em pintá-lo. 
 
E a nossa vida amigos não pode ser arte 
Se não formos certamente dela viventes artistas, 
Digo em qualquer momento, em qualquer parte 

Com ou mesmo sem encontradas pistas, 
Não importa se tão solitários ou acompanhados 
Se hora nós passamos por amados ou odiados. 

A música toca então veloz 
Compassada com passo que passa 
Ao vento, e tu ouves a voz 

Que se faz asas e pede que as abra. 
Uma eternidade é instante 

Contido numa pequena fonte 
E tua eternidade é um vôo, 

Água nela que secou, passou. 
 
Luiz Rosa Jr.

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Florestas Antigas

Queria compor os campos, 
Compor sim as puras liberdades 
Em vôos e revôos tantos 
Que não há tempo de infelicidades. 

Com voltas e voltas risonhas, 
De novo meus pés a sonhar descalços, 

Um jardim de não tristonhas 
Flores e matizes de esplendores falsos. 

Verdadeiro nas raízes que se levantam 
E na dança inculta das árvores 

Beber da fonte e dos cantos que cantam 
Os Celtas com harpas indolores, 

Ah! Sabedoria das Florestas, 
Ah! O doce choro das nascentes. . . 
Pena, poucos ouvem estas 
E nem as liberdades de correr fluentes. 

Luiz Rosa Jr.

sábado, 17 de setembro de 2022

Porto do Mar de Nuvens Rápidas

Nossas canções alcançarão o infinito 
Por tantas e tantas vezes, quase um rito, 
Neste céu d’estrelas não deixarei que tu pouses, 
E neste mar inconstante ouses e ouses. 

Vem navegar por sobre essas nuvens 
De espuma que se quebram ao teu vens, 
Quebram-se ao vento na orla da doce presença 
E do amargo adeus de vela e sentença. 

Mas como são doces às canções dum navegador 
Por entre brumas ou nuvens peregrinando 

Pela vida inconstante como o teu mar de paixões 
Movido pela sina do tempo e demais ações. 

O que é o amar pergunta-se? Será qu’enxergará 
Mesmo e a tempo de não terminar de navegar, será? 

Tempestades aproximam-se, a vela pouco sabe 
P’ra onde decerto vai, feito mar a resposta não cabe. 

Luiz Rosa Jr.