Suas gotas e o vento faziam par a molhar,
Pois vento úmido e chuva é magia de olhar
Como a folha que se sente nova a voar no ar.
Agora o vento e a leve chuva separam-se
E já em profundidade não somam mais dois,
Resta o cheiro e o frescor de sempre depois,
A grama como se fosse tomada d'imenso orvalho,
Minh'alma então em exílio a cantar espalho
Nos primos ares de belos raros iluminares tontos
E já não são mais que vãos e nostálgicos tantos
Que são meros viajantes e sons e cantos
Com as sensações e êxtases de um dia rotineiro.
O que resta ao poeta em um dia de chuva?
A canção úmida de todo poeta inútil e derradeiro
Que ele sonhador imagina ser um veleiro.
Luiz Rosa Jr.