terça-feira, 21 de novembro de 2023

A Chuva e a Inspiração

A chuva já se foi, como sempre sim já se foi, 
Suas gotas e o vento faziam par a molhar, 
Pois vento úmido e chuva é magia de olhar 

Como a folha que se sente nova a voar no ar. 
Agora o vento e a leve chuva separam-se
E já em profundidade não somam mais dois, 

Resta o cheiro e o frescor de sempre depois, 
A grama como se fosse tomada d'imenso orvalho, 

Minh'alma então em exílio a cantar espalho 
Nos primos ares de belos raros iluminares tontos 

E já não são mais que vãos e nostálgicos tantos
Que são meros viajantes e sons e cantos 
 
Com as sensações e êxtases de um dia rotineiro. 
O que resta ao poeta em um dia de chuva? 

A canção úmida de todo poeta inútil e derradeiro

Que ele sonhador imagina ser um veleiro. 

Luiz Rosa Jr.