domingo, 25 de junho de 2023

Aos nefelibatas de hoje

Nesse jardim os ventos do passado 
Erguem a copa dançante, às árvores indolores. . . 
E suspiros constantes experimento aos sabores 
E frescores dos ares inventos que entoados 

Vem a afagar esse meu rosto triste, 
E quando me pousam posso sim contemplar 
A valsa circundante das folhas velhas a planar 
E como tantas vezes antes, o tempo insiste, 

Danço e giro sozinho como um bêbado por vinho 
Numa liberdade como a de quando me secreto sozinho, 
E tantas lembranças correntes por sobre a tintura 

A envolver as flores e avante folhagem em movimento, 
Tanta coisa que vivi e te digo com mansa ternura 
E tanta coisa que não vivi talvez por ser tão desatento, 

Bem, os ventos inda me erguem, esses companheiros 
Vindos do norte são e não são a chave p’ro meu símbolo 
E passam movendo tempos, raízes, árvores, e ao todo 

Ao repercutir sinos em ecos raros que me levantam acolá 
E em elos trazem-me a essas nuvens que eu tão caminhante 
Almejava a ruflar meus pés que levemente voam, e sei lá, 

Por sobre elas já andam, parte um andarilho o louco viajante 
Ou um poeta de um sonho nada mais que dum desejante? 

Luiz Rosa Jr. 


Nefelibata: é o termo simbolista usado para definir o andante das nuvens, sonhador, lunático.