Erguem a copa dançante, às árvores indolores. . .
E suspiros constantes experimento aos sabores
E frescores dos ares inventos que entoados
Vem a afagar esse meu rosto triste,
E quando me pousam posso sim contemplar
A valsa circundante das folhas velhas a planar
E como tantas vezes antes, o tempo insiste,
Danço e giro sozinho como um bêbado por vinho
Numa liberdade como a de quando me secreto sozinho,
E tantas lembranças correntes por sobre a tintura
A envolver as flores e avante folhagem em movimento,
Tanta coisa que vivi e te digo com mansa ternura
E tanta coisa que não vivi talvez por ser tão desatento,
Bem, os ventos inda me erguem, esses companheiros
Vindos do norte são e não são a chave p’ro meu símbolo
E passam movendo tempos, raízes, árvores, e ao todo
Ao repercutir sinos em ecos raros que me levantam acolá
E em elos trazem-me a essas nuvens que eu tão caminhante
Almejava a ruflar meus pés que levemente voam, e sei lá,
Por sobre elas já andam, parte um andarilho o louco viajante
Ou um poeta de um sonho nada mais que dum desejante?
Luiz Rosa Jr.
Nefelibata: é o termo simbolista usado para definir o andante das nuvens, sonhador, lunático.