terça-feira, 8 de março de 2022

Às Margens do Som

E o que dizer do que não se esqueceu? 
Só quero ouvir, e ouvir o vento, 
Que não pese essa poesia, esse invento, 
E o meu coração, um violino vermelho, tão teu. 

Mais um coração vadio, pobre, dolente, 
Sem paradeiro tal folha fugaz 
Desfalecente, tal qual sem nenhuma paz, 
E como pulsa cadente no ar atroz e sorridente. 

Vejo violetas roxas, e estas já velhas, 
Mas que inda guardam em seu interior jovem cor, 

E ora vejo que muito mais se espelha 
Assim como teu orvalho de um inconstante dolor. 

Tu estás nelas, tenho tua lembrança, 
Nas cordas de meu violino, vermelho, um coração 
 
De cordas pulsantes, e confuso, mas d’entonação, 
Que se arranha e digo quase arranca 

As tais cordas de seu interior, e o seu réles som, 
E este som neste violino vil, terrível 

É se somente teu, as fatais margens deste dom, 
O mesmo dom que te fez acessível, 
 
E uma vez já acabada se fez a mim sim possível. 

Luiz Rosa Jr.