Um relógio por sobre o rio levita e faz um voo de ave,
Reflete na musical água a sua breve memória
Da qual passa e vai embora, então a perceba, olhe-a...
Ponteiros suaves e harmônicos rodam a um encanto,
Porém, enganadores e muito fugazes.
Velozes entoam os minutos, os segundos sem pares
Que vão por entre pessoas passando
E, portanto, tu não te atrases.
Em volta do rio muita gente, prédios, pouca vida,
E a tua passa despercebida.
Dela pouco sei, só suponho,
E assim também eu suponho a minha e a ponho
Nas declinantes e perdidas
Notas do tempo ecoantes a um silêncio tal
Que é por demais normal e vital,
Mas posso ouvi-las e são de piano, violino,
Sinos, também são dissonantes,
Tem um som leve e fino a confrontar o desatino
Este que vezes nos persegue na vida já torturante.
Pode ser que eu tenha pouco tempo para viver,
Estou a falar duma maneira da qual pode até ser
Que tudo terá seu fim amanhã, caso assim for
É melhor então correr meu lápis e rápido compor.
Luiz Rosa Jr.