quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Véspero Pensamento

Logo estaremos voltando, amor, a magia e sonho antigo 
No enfeitiçante voo das folhas rodopiantes do véspero outono, 
Tu hás de sonhar e rodar comigo ao infinito 
Tão além da copa das árvores e das estrelas sem sono. 

Deita outra vez nesta grama, observa as árvores, o lago, 
Sentes o vento nos pés? Imaginas ao menos que não há vago 
Nesta tarde crepusculante e caindo como a folha que vês 

 A passar e navegar com o vento para o norte outra vez, 
Tua alma está com esta folha, desprendida, profunda e liberta, 
Os segredos do horizonte dos anjos, luminosidade aberta 

Nos céus com feixes de luz por entre as nuvens puras, 
Logo as nuvens vão-se com a virada do dia, a virada do tempo, 
Mas não para chuva, apenas para a noite, a mística noite 

Tão sagrada e mágica como catedral de sombra e som. 
Ainda deitado na grama veja, sinta, é doce, suave, e é tão bom, 
O movimento dos galhos das árvores ao suavíssimo vento. 

Aponta às mãos e os dedos ao céu e aponta às estrelas 
No momento em que podes por entre algumas nuvens revê-las, 
Estás na grama em voo intenso, nefelibata do pensamento. 

Luiz Rosa Jr. 

1.Nefelibata: expressão simbolista que significa sonhador, quem anda nas nuvens ou é andarilho ou andante das nuvens.