Hoje vou compor meu fado,
Lembrar de meus antepassados Num reino distante que mantem teu Porto
A contemplar o teu horizonte absorto
D’infinidades a se descobrir
E com tal inspiração talvez florir,
Mas o Porto inda não é morto no tal peito
Amante e de sangue antigo e até feito
Diria de vinho do Porto, a paixão dos poetas
Cambaleantes pelas veredas estreitas da vida sem retas
Definidas e certas.
E todos eles sabem da tal dor e da tal alegria
De se compor um fado, o inconstante e sem companhia,
O arruaceiro diria,
Mais uma vez o difícil, cabeça dura, fado que é fato
Cambaleante pelas ruas, inconformado com a vida,
O bêbado poeta a ter visão por um instante do ato
Da dama que roda e roda no seu círculo incontida
A acompanhar os acordes d’acordeon e bambolim
Repetidos e repetidos a parecer não ter algum fim.
Luiz Rosa Jr.